Nota de descomemoração pelos 58 anos do golpe militar de 1964

O Programa de Memória dos Movimentos Sociais (Memov/CBAE/MN/UFRJ) vem se juntar às diversas entidades e movimentos de direitos humanos para manifestar-se na agenda de descomemoração dos 58 anos do golpe militar de 1964.

A partir do golpe começava uma ditadura de 21 anos, em que diversas arbitrariedades e violações dos direitos humanos se intensificaram com a aplicação prática da chamada doutrina de segurança nacional. Prisões, cassações, exílios, intervenções sindicais, listas de suspeitos sem acesso ao trabalho, e, ao longo dos anos a montagem de um sistema repressivo baseado na tortura, na morte e no desaparecimento de corpos que se tornaram a marca da violência deste tempo.

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Nos últimos anos esta experiência de ditadura tem sido abertamente proclamada como modelo de sociedade por parcelas conservadoras da população. Formulada silenciosamente nos serviços de informação que permaneceram intactos no período democrático regido pela Constituição de 1988, e há pouco tempo acolhida por grupos ressentidos com os avanços sociais das classes populares, o modelo de ditadura se junta ao neoliberalismo extremado para destruir o edifício de direitos e de sociabilidade civilizada que vinha sendo construído, com idas e vindas, desde o primeiro terço do século XX no país.

Como programa interdisciplinar e guardião de acervos digitais de pesquisas sobre a memória dos movimentos sociais, nos manifestamos neste dia em conjunto com as entidades de direitos humanos — entre as quais a Comissão de Memória e Verdade da UFRJ — pela reconstrução dos direitos sociais anteriormente adquiridos, como ilustra a foto que acompanha este texto. 

Como programa de pesquisa que faz parte da universidade, especialmente atacada pela extrema direita instalada no poder, defendemos os modos científicos e artísticos de conhecimento e o seu espraiamento e apropriação criativa pela população em toda sua diversidade. Também reivindicamos a retomada dos investimentos nas escolas públicas, nas universidades e institutos federais, na pesquisa e na formação de cientistas nacionais.                                                                                                                      

Enquanto isso continuamos a luta para que a violência física e simbólica praticada sistematicamente no período da ditadura, não se repita, nunca mais aconteça — e nem ameace a vida, a democracia e a dignidade do povo brasileiro.